A água é o combustível da vida. Não
resta a menor dúvida. O ser humano tem grande parte de seu corpo composto por
água. Cerca de 75% do peso de um músculo humano é composto por água. O sangue
por sua vez contém 95%, a gordura corporal 14% e o tecido ósseo 22%. O corpo
humano possui cerca de 70% de água em homens adultos e 75% em mulheres adultas.
Essa diferença se deve à maior porcentagem de gordura corporal (com menor conteúdo de água) e a menor
porcentagem de massa muscular (com maior conteúdo de água) das
mulheres em relação aos homens.
Perdemos água através
do suor, urina, fezes e até mesmo da respiração. Esta água deve ser reabastecida para que os nossos órgãos
continuem a funcionar corretamente. No forte calor,
um adulto pode perder até 1,5 litros de água através somente do suor.
Estudos têm demonstrado que, se o
corpo perder apenas 2,5% do seu peso em água, pode perder 25% de sua
eficiência. Isso significa que: um homem de 80 kg, provavelmente já
desenvolverá problemas caso perca 2 litros da água corporal. Essa “pequena”
desidratação pode engrossar o sangue, isso faz o coração trabalhar mais e a circulação ser menos eficiente, prejudicando a oxigenação do corpo.
Isso é um sinal de alerta!
Mas, quanto tempo o corpo humano
aguenta sem água? Bem, supondo que se trata de alguém em boa forma, com o
funcionamento normal de todos os seus órgãos e em condições normais (sem muito
frio ou calor), um ser humano pode viver por cerca de 3 dias sem água. Mas, é claro que a
degradação dos sentidos (olfato, visão, paladar, tato) e a queda nos sistemas
do corpo (respiratório, circulatório etc) são obviamente graduais.
Uma desidratação leve (1º dia)
engrossa a saliva, perde a frequência urinária e resulta numa urina com cor e
odor fortes. Na desidratação moderada (do 2º ao 3º dia), a urina quase cessa –
Claro, o corpo precisa economizar água – a boca, a mucosa do nariz ficam secas
e pode gerar rachaduras, olhos fundos e sem lubrificação e batimentos cardíacos
acelerados. A desidratação severa (do 3º dia em diante), a urina
definitivamente cessa, perda temporária ou completa da sensibilidade e dos
movimentos, cansaço devido a baixa oxigenação dos sistemas, vômito, diarreia. Até
o 5º dia (dependendo da pessoa) há um estado de choque. A pele fica em tons
azulados e muito fria, consequência da perda de pressão sanguínea. A partir
dessa fase, o fim da vida é questão de tempo.
Em situações inesperadas, de emergência,
de sobrevivência, em que não se dispõe de água suficiente ou mesmo o estoque é
escasso, chega o momento de se utilizar uma técnica de racionamento. Dependendo
da pessoa, um litro de água mantém em funcionamento precário as funções vitais
do corpo por até cinco dias. Então se chega à conclusão de que é importante
conhecer formas de se consumir pouca água para equalizar as grandezas de escassez de água x tempo incerto em que não
se disporá de outra fonte de água.
Quando eu vou a campo,
costumo levar cinco litros de água para dois dias. O fato de eu transpirar
consideravelmente é uma contingência a se considerar para o planejamento da quantidade
de água a ser levada em incursões em meios inóspitos. Parece muita água, mas
não é. Dois litros dessa água ficam reservados para situações não planejadas. Razões
exógenas podem surgir e me condicionar a ter de utilizar os mesmos recursos
disponíveis por um tempo maior. Aí que entra essa técnica de baixo consumo de
água.
Essa técnica tem de ser praticada
em momentos normais para se conhecer os limites que a sede nos impõe e nos
acostumar com seus efeitos. Obviamente essa técnica deve ser treinada pelo
tempo absolutamente essencial para a produção do conhecimento, porque passar
sede propositalmente além de desconfortável prejudica essencialmente nossos
rins.
Os goles, que serão um de
cada vez, devem ser dados lentamente e é altamente recomendável que você
mantenha a água na boca por uns 20 a 30 segundos para umedecer
satisfatoriamente a mucosa e aumentar a sensação de saciedade.
Se eu disser aqui em que
consiste essa técnica, vai parecer piada pela simplicidade do procedimento. Na
verdade não inventei nada. Existem inúmeras pessoas que a utilizam pelo mundo
afora.
Basicamente é o seguinte: no
momento em que você decretar situação de emergência em campo (você reconhecer
que está perdido na mata, você está machucado em local de difícil acesso e
outras tantas situações) é importante que o consumo de água seja reduzido em
mais de 75%. No meu caso, treinei consumir um gole de água apenas quando a sede
estiver incomodando bastante. Em situações em que estou em repouso, esse tempo
gira em torno de 5 horas. Em casos de atividade física moderada ou intensa, o
tempo cai para duas a 3 horas no máximo. Um gole de água tem aproximadamente a
quantidade de 30 a 50 ml. Portanto, um litro de água dá para 20 ou mais goles.
Se considerarmos que estamos em repouso, 20 goles de de água, em situação de
sobrevivência, é o suficiente para cinco dias! Parece bom né? Infelizmente um
gole de água passa a não matar mais a sede depois de dois dias consumindo essa
baixa quantidade. Em caso de atividade física moderada ou intensa, um litro de
água pode durar no máximo 3 dias. O fundamental é você simular essa situação e
conhecer melhor os limites do seu organismo.