sexta-feira, 25 de abril de 2014

Consumo reduzido de água em situação de sobrevivência

A água é o combustível da vida. Não resta a menor dúvida. O ser humano tem grande parte de seu corpo composto por água. Cerca de 75% do peso de um músculo humano é composto por água. O sangue por sua vez contém 95%, a gordura corporal 14% e o tecido ósseo 22%. O corpo humano possui cerca de 70% de água em homens adultos e 75% em mulheres adultas. Essa diferença se deve à maior porcentagem de gordura corporal (com menor conteúdo de água) e a menor porcentagem de massa muscular (com maior conteúdo de água) das mulheres em relação aos homens.
 
Perdemos água através do suor, urina, fezes e até mesmo da respiração. Esta água deve ser reabastecida para que os nossos órgãos continuem a funcionar corretamente. No forte calor, um adulto pode perder até 1,5 litros de água através somente do suor.

Estudos têm demonstrado que, se o corpo perder apenas 2,5% do seu peso em água, pode perder 25% de sua eficiência. Isso significa que: um homem de 80 kg, provavelmente já desenvolverá problemas caso perca 2 litros da água corporal. Essa “pequena” desidratação pode engrossar o sangue, isso faz o coração trabalhar mais e a circulação ser menos eficiente, prejudicando a oxigenação do corpo. Isso é um sinal de alerta!
Mas, quanto tempo o corpo humano aguenta sem água?  Bem, supondo que se trata de alguém em boa forma, com o funcionamento normal de todos os seus órgãos e em condições normais (sem muito frio ou calor), um ser humano pode viver por cerca de 3 dias sem água. Mas, é claro que a degradação dos sentidos (olfato, visão, paladar, tato) e a queda nos sistemas do corpo (respiratório, circulatório etc) são obviamente graduais.
Uma desidratação leve (1º dia) engrossa a saliva, perde a frequência urinária e resulta numa urina com cor e odor fortes. Na desidratação moderada (do 2º ao 3º dia), a urina quase cessa – Claro, o corpo precisa economizar água – a boca, a mucosa do nariz ficam secas e pode gerar rachaduras, olhos fundos e sem lubrificação e batimentos cardíacos acelerados. A desidratação severa (do 3º dia em diante), a urina definitivamente cessa, perda temporária ou completa da sensibilidade e dos movimentos, cansaço devido a baixa oxigenação dos sistemas, vômito, diarreia. Até o 5º dia (dependendo da pessoa) há um estado de choque. A pele fica em tons azulados e muito fria, consequência da perda de pressão sanguínea. A partir dessa fase, o fim da vida é questão de tempo.
Em situações inesperadas, de emergência, de sobrevivência, em que não se dispõe de água suficiente ou mesmo o estoque é escasso, chega o momento de se utilizar uma técnica de racionamento. Dependendo da pessoa, um litro de água mantém em funcionamento precário as funções vitais do corpo por até cinco dias. Então se chega à conclusão de que é importante conhecer formas de se consumir pouca água para equalizar as grandezas de escassez de água x tempo incerto em que não se disporá de outra fonte de água.

Quando eu vou a campo, costumo levar cinco litros de água para dois dias. O fato de eu transpirar consideravelmente é uma contingência a se considerar para o planejamento da quantidade de água a ser levada em incursões em meios inóspitos. Parece muita água, mas não é. Dois litros dessa água ficam reservados para situações não planejadas. Razões exógenas podem surgir e me condicionar a ter de utilizar os mesmos recursos disponíveis por um tempo maior. Aí que entra essa técnica de baixo consumo de água.

Essa técnica tem de ser praticada em momentos normais para se conhecer os limites que a sede nos impõe e nos acostumar com seus efeitos. Obviamente essa técnica deve ser treinada pelo tempo absolutamente essencial para a produção do conhecimento, porque passar sede propositalmente além de desconfortável prejudica essencialmente nossos rins.

Os goles, que serão um de cada vez, devem ser dados lentamente e é altamente recomendável que você mantenha a água na boca por uns 20 a 30 segundos para umedecer satisfatoriamente a mucosa e aumentar a sensação de saciedade.
Se eu disser aqui em que consiste essa técnica, vai parecer piada pela simplicidade do procedimento. Na verdade não inventei nada. Existem inúmeras pessoas que a utilizam pelo mundo afora.

Basicamente é o seguinte: no momento em que você decretar situação de emergência em campo (você reconhecer que está perdido na mata, você está machucado em local de difícil acesso e outras tantas situações) é importante que o consumo de água seja reduzido em mais de 75%. No meu caso, treinei consumir um gole de água apenas quando a sede estiver incomodando bastante. Em situações em que estou em repouso, esse tempo gira em torno de 5 horas. Em casos de atividade física moderada ou intensa, o tempo cai para duas a 3 horas no máximo. Um gole de água tem aproximadamente a quantidade de 30 a 50 ml. Portanto, um litro de água dá para 20 ou mais goles. Se considerarmos que estamos em repouso, 20 goles de de água, em situação de sobrevivência, é o suficiente para cinco dias! Parece bom né? Infelizmente um gole de água passa a não matar mais a sede depois de dois dias consumindo essa baixa quantidade. Em caso de atividade física moderada ou intensa, um litro de água pode durar no máximo 3 dias. O fundamental é você simular essa situação e conhecer melhor os limites do seu organismo. 

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